TRANSEXUALIDADE E IGREJA: A Bíblia Diz Como Lidar Com a Transexualidade?
- Tiago Machado
- 16 de mai. de 2021
- 7 min de leitura

O assunto "transexualidade" tem ocupado os debates na mídia e nas redes sociais. Como um cristão deve lidar com isso? Espero que compreenda que o que vou dizer é dirigido a cristãos, pessoas salvas por Cristo que têm compromisso com Deus e Sua Palavra e não com seu corpo carnal e seus instintos naturais. A Criação original foi corrompida pelo pecado e por isso existem distorções em tudo e em todos. Algumas pessoas nascem com distorções mentais, outras corporais, algumas mais evidentes, outras nem tanto. Mas a verdade continua sendo a de que originalmente Deus criou um homem e uma mulher e tudo o que sair desse padrão é uma distorção do projeto original. "Porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea." (Mc, 10.6).
Se sou um crente em Cristo e nasci com alguma distorção mental ou física, ou a adquiri por conta de um acidente ou enfermidade, serei obrigado a conviver com isso e buscar graça no Senhor Jesus Cristo para me escorar e não pecar contra Ele usando minha distorção como desculpa. De nada adiantará eu argumentar diante de Deus que "nasci mulher presa num corpo de homem" ou "nasci homem preso num corpo de mulher". O Senhor Jesus Cristo sempre abrirá diante de mim o projeto original: "Porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea." (Mc, 10.6). Se sou um crente em Cristo desejoso de fazer a vontade de Deus minhas ações deverão ser condizentes com o plano original de Deus, independente da condição de sucata em que o pecado transformou meu corpo e minha mente.
Mas o mundo obviamente não está sujeito a vontade de Deus e nem poderia estar, pois o incrédulo vive "segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência. Entre eles também nós todos andamos no passado, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como também os demais." (Ef, 2.2-3).
Então se o motor do incrédulo é o mundo, Satanás, a carne e os pensamentos, ele não irá entender ou aceitar o que estou dizendo aqui e nem irá querer se sujeitar à vontade de Deus. Mas o motor, ou aquilo que move o crente, deve ser sempre o Espírito Santo de Deus, e Este não irá guiá-lo ou fazê-lo agir de maneira contrária à Palavra e ao plano original de Deus, e "desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea." (Mc, 10.6). Depois da queda Deus não decidiu reformar o ser humano para adaptá-lo às novas condições, mas literalmente pôs um fim na linhagem de Adão. A cruz representou, não apenas a morte de Jesus Cristo, mas a morte do homem como um todo. Portanto é bom entender essa dualidade, Adão e Cristo. Nascemos em Adão e somente pela fé e pelo novo nascimento mudamos de posição para estar em Cristo. Estando em Cristo você poderá assumir essa nova posição e andar segundo a vontade d'Ele, para sua bênção, ou continuar andando em Adão para sua maldição.
"Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado veio a morte, assim também a morte passou a toda a humanidade, porque todos pecaram... Portanto, assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os seres humanos para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos para a justificação que dá vida. Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos... Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos. Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo." (Rm, 5.12; Rm, 5.18-19; 1Co, 15.21-22).
Esta próxima passagem da Epístola aos Romanos é muito clara: "Os que vivem segundo a carne se inclinam para as coisas da carne, mas os que vivem segundo o Espírito se inclinam para as coisas do Espírito." (Rm, 8.5). Existem os que são segundo a carne e os que são segundo o Espírito. Cada um irá pender para seu respectivo lado. Se você nunca creu em Cristo e nem teve assegurada sua salvação pela fé somente sinto dizer que existe algo bem mais sério para você se preocupar do que se vai viver como homem ou mulher seus poucos anos aqui.
Existe uma espada de juízo pairando sobre a cabeça de cada pecador, como que presa por um fio de cabelo, e isso independe de ser alguém promíscuo ou casto, homem ou mulher, rico ou pobre, negro ou branco. Perante Deus todos nós nascemos pecadores e destituídos de sua glória, portanto necessitados de salvação. Por isso a mesma passagem diz: "Pois a inclinação da carne é morte" (Rm, 8.6), apontando o destino do pecador impenitente, enquanto "a do Espírito é vida e paz" (Rm, 8.6), mas "os que estão na carne não podem agradar a Deus." (Rm, 8.8). Ou seja, se minha vida é pautada por meu ser natural descendente de Adão, por mais que essa pauta seja aceita pela sociedade moderna, não posso agradar a Deus.
Mais uma vez o apóstolo Paulo traça o contraste: "Vocês, porém, não estão na carne, mas no Espírito, se de fato o Espírito de Deus habita em vocês." (Rm, 8.9) e também dá a marca que distingue um salvo de um perdido: "E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele." (Rm, 8.9). Parafraseando o que escreveu Paul Dickson: "Nunca tente ensinar um porco a cantar, você perderá o seu tempo e aborrecerá o porco", eu diria: "Nunca tente ensinar sua carne a fazer a vontade de Deus, você perderá seu tempo e aborrecerá a carne". Por isso, ao falar das relações naturais, Jesus disse: "Se alguém vem a mim e não me ama mais do que ama o seu pai, a sua mãe, a sua mulher, os seus filhos, os seus irmãos, as suas irmãs e até a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. E quem não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo." (Lc, 14.26-27).
Felizmente, para o crente em Cristo somente: "Se, porém, Cristo está em vocês, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o Espírito é vida, por causa da justiça. Se em vocês habita o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou Cristo dentre os mortos vivificará também o corpo mortal de vocês, por meio do seu Espírito, que habita em vocês." (Rm, 8.10-11).
Assim como o incrédulo está morto para as coisas de Deus, o crente está morto para a carne, ainda que ela momentaneamente ainda esteja em si como seu velho homem. Por isso o apóstolo Paulo escrevia dois capítulos antes "que o nosso velho homem foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, a fim de que não sirvamos mais ao pecado." (Rm, 6.6), e em outras Epístolas "que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano" (Ef, 4.22), "pois que já vos despistes do velho homem com os seus feitos" (Cl, 3.9).
A posição do crente é uma que, se a sua carne vier lhe cobrar algum tipo de comportamento que tem mais a ver com a distorção de sua mente, seu corpo e seus instintos naturais, do que com a vontade de Deus expressa em Sua Palavra, a exortação é que "somos devedores, não à carne, como se estivéssemos obrigados a viver segundo a carne. Porque, se vocês viverem segundo a carne, caminharão para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificarem os feitos do corpo, certamente viverão. Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus." (Rm, 8.12-14). Se a carne bate à porta do crente sua resposta deve ser: "Não devo nada a você".
Uma vez no YouTube eu vi um vídeo de um homem contando a história de seus pais cristãos, que eram muito ativos no evangelismo. Tão ativos eram os dois que quando veio a aposentadoria o marido foi a um ferro-velho e juntou partes de uma Rural Willys fazendo aquele amontoado de peças parecer um veículo. "O motor era movido mais a fé do que a gasolina", brincou dizendo o homem. As portas já não tinham maçanetas ou trincos, então havia um furo e um grande prego que atravessava a porta e o batente mantendo-a fechada. Cada parte da lataria era de uma cor, pois tinha vindo de carros diferentes.
Eles não usavam aquele ferro-velho móvel nas cidades ou estradas normais, mas apenas pelos caminhos do sertão para visitar pessoas em lugares remotos e levar o Evangelho. Sua tração nas quatro rodas era literalmente "uma mão na roda" principalmente na época das chuvas. No vídeo o homem disse lembrar-se de ter dentro do veículo, entre os assentos, um tronco de árvore com uns dez centímetros de diâmetro servindo de calço entre o piso e o teto. Continuou dizendo que por causa das muitas bagagens que levavam, o teto havia cedido e uma árvore cortada em um mato qualquer resolveu o problema para evitar que viajassem corcundas pressionados pela capota.
Mas o que isso tem a ver com o assunto das distorções causadas pela queda e pelo pecado nos seres humanos? Bem, se aquele casal cristão era capaz de usar aquele monte de sucata móvel para a glória de Deus e fazer a sua vontade, o cristão também saberá usar este corpo já combalido pelo pecado — mental e fisicamente — para o mesmo fim, até ser transformado à semelhança de Cristo. E o que tem o tronco de árvore a ver com isso? A cruz era feita de um tronco, não era? Um tronco morto sustentando um Homem morto e anunciando a morte da Velha Criação. E se você acha que às vezes não tem forças para manter sua porta fechada para as tentações, use o prego.
"Jesus dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue a si mesmo, dia a dia tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida a perderá; e quem perder a vida por minha causa, esse a salvará. De que adianta uma pessoa ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se ou causar dano a si mesma?" (Lc, 9.23-25). "E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas." (2Co, 5.17).
Thiago Machado
Petrópolis - RJ
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