

“Hier stehe ich
und kann nicht anders.
Gott helfe mir, Amen!”
"Aqui estou e outra coisa não poderia fazer.
Que Deus me ajude, Amém!
Nota Pública da Associação Herdeiros de Worms
Sobre o Pronunciamento da Pastora Luterana Lusmarina
em Audiência Pública no Supremo Tribunal Federal sobre o Aborto
“... e se essas pernas não puderem percorrer o país, as nossas vão percorrer por elas.
Se essa voz for impedida, a nossa vai gritar e vai continuar clamando por justiça e por liberdade para o nosso povo mais sofrido. Nós estamos juntos Lula.”
(Pastora Luterana Lusmarina, no palanque de Luiz Inácio Lula da Silva, condenado pela justiça brasileira por corrupção) [1]
A Influência do Marxismo na Praxis de Algumas Teologias Luteranas
Na abertura da sua fala feita na audiência pública no Supremo Tribunal Federal a pastora Lusmarina declara que utiliza a “Ideologia de Gênero” como sua chave bíblica, mesmo negando que se trata de “ideologia,” ela admite que esta é o “instrumental de análise das relações humanas e sociais”, portanto, o que em Teologia se chama de “Chave Hermenêutica de Interpretação.” Isto é, a pastora luterana “abre a Bíblia com as chaves da Ideologia de Gênero”.
Mas o que vem a ser Gênero, se a Bíblia Fala de Somente Dois Sexos Biológicos?
A Palavra de Deus fala que Deus nos criou “macho e fêmea”. Estes são os dois sexos. Mas a moderna Teologia luterana não admite mais estes parâmetros bíblicos. A própria definição de gênero abaixo mostrará a diferença entre o que a teóloga supracitada entende por gênero e o que a Bíblia entende por sexo natural:
Para chegarmos a esta resposta, vejamos o que diz o livro “Ainda Feminismo e Gênero,” na sua p. 112, organizado pelos professores André Musskopf e Márcia Blasi, do Centro de Estudos Bíblicos, da Faculdade EST, a maior faculdade luterana do nosso país.
“A partir de 1968, com a pesquisa de Robert Stoller (1984), o termo “gênero” passou
a ser compreendido do entendimento das diferenças entre homens e mulheres não
pela sua estrutura biológica (sexo), mas pela influência de cultura. O termo se
refere aos aspectos psicológicos, sociais e culturais que envolvem os sexos, sendo a
CONSTRUÇÃO SOCIAL das diferenças entre homens e mulheres.
(Bohan, 2002; Gebara, 2001)”
Ou seja, a Bíblia fala em “homem e mulher”, mas esta “chave hermenêutica de gênero” não aceita os padrões bíblicos. Antes, inova e considera que a masculinidade/feminilidade (e outras variantes) são meramente construções sociais.
“A teóloga feminista Ivone Gebara atrela outra dimensão ao termo gênero, sua
referência à relação de poder. Uma análise de gênero em relação ao poder mostra
que há uma hierarquia de poder que gera desigualdades entre homens e mulheres,
homens e homens e mulheres e mulheres.”
(Gebara, 2001, p. 39)
Esta segunda afirmação está em total consonância com o “Manifesto Comunista” que via o “Patriarcado,” citado pela pastora na sua fala, e na família tradicional cristã “burguesa” como o próprio fundamento da exploração e da luta de classes a ser denunciada pelo Marxismo.
Vejamos o que diz o Manifesto Comunista:
“A monogamia não aparece na história, portanto, como uma reconciliação
entre o homem e a mulher e, menos ainda, como forma mais elevada de
matrimônio. Pelo contrário, ela surge sob a forma de escravização de um sexo
pelo outro, como a proclamação de um conflito entre os sexos, ignorado, até então, na pré-história. (…) Hoje posso acrescentar: o primeiro antagonismo de
classes que apareceu na história coincide com o antagonismo entre o homem e
a mulher na monogamia; e a primeira opressão de classes, com a opressão do
sexo feminino pelo masculino.” [2]
E continua:
“A família individual moderna baseia-se na escravidão doméstica, franca ou
dissimulada, da mulher, e a sociedade moderna é uma massa de cujas
moléculas são as famílias individuais” [3]
O Manifesto é também entre outras coisas um libelo contra a família, cujas ideias são ampliadas na obra de Engels:
“Então é que se há de ver que a libertação da mulher exige, como primeira
condição, a reincorporação de todo o sexo feminino à indústria social, o que, por
sua vez, requer a supressão da família monogâmica como unidade econômica
da sociedade” [4]
Com a breve análise acima queremos demonstrar que o linguajar que coloca em oposição homem e mulher não é oriundo da Bíblia e sim das teorias de luta de classe do Marxismo e são estranhos à Fé Cristã.
..........................................................................................................................................................................
Voltemos agora à análise do tema central e a uma defesa do nascituro. Os teólogos liberais não medem esforços em rotular a ortodoxia cristã como mero “fundamentalismo” bíblico. Para eles o ‘fundamentalista’ é um ser obtuso, que não enxerga nada além da letra seca da Bíblia. Interessante vermos que a teóloga luterana comete exatamente este ‘pecado’ do fundamentalismo ao defender a sua tese da não humanidade do nascituro no ventre de sua mãe.
Portanto, não nos restringindo a uma análise “fundamentalista”. Todavia, sem desprezar o Texto Sagrado, passemos a analisar vários posicionamentos acerca do aborto em termo de Escritura, Tradição e Razão Científica.
(a) Escritura (Antigo e Novo Testamento)
A Bíblia afirma claramente a vida e a humanidade do nascituro:
“Aquele que me formou no ventre não o fez também a ele? Ou não nos formou do
mesmo modo na madre?” (Jó 31.15)
“Sobre ti fui lançado desde a madre; tu és o meu Deus desde o ventre de minha
mãe” (Sl 22.10)
“Ouvi-me, ilhas, e escutai vós, povos de longe! O Senhor me chamou desde o ventre,
desde as entranhas de minha mãe, fez menção do meu nome” (Is 49.1)
“E, agora, diz o Senhor, que me formou desde o ventre para seu servo, que eu lhe
torne a trazer Jacó; mas Israel não se deixou ajuntar; contudo, aos olhos do
Senhor, serei glorificado, e o meu Deus será a minha força.” (Is 49.5)
“Antes que eu te formasse no ventre, eu te conheci; e, antes que saísses da madre,
te santifiquei e às nações te dei por profeta.” (Jr 1.5)
“Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o bebê agitou-se em seu ventre, e Isabel
ficou cheia do Espírito Santo. Em alta voz exclamou: “Bendita é você entre as
mulheres, e bendito é o filho que você dará à luz!”” Mas por que sou tão agraciada,
ao ponto de me visitar a mãe do meu Senhor? Logo que a sua saudação chegou aos
meus ouvidos, o bebê que está em meu ventre agitou-se de alegria. Feliz é aquela
que creu que se cumprirá aquilo que o Senhor lhe disse!” (Lc 1.41-45)
(b) Tradição
O reformador Martim Lutero emitiu uma opinião muito objetiva sobre o aborto:
“Portanto, como é grande a impiedade da natureza humana [decaída]! Quantas
moças impedem a concepção e matam e expelem fetos frágeis, muito embora a
procriação seja obra de Deus! Na verdade, muitos cônjuges que se casam e moram
juntos... têm vários objetivos em mente, mas, raramente ter filhos...” [5]
(c) Razão (via Observação Empírico-Científica)
Para não ficarmos restritos aos “fundamentalismos” bíblicos, nós, cristãos,
também somos chamados a utilizar ferramentas da razão na hora de formar a
nossa chave hermenêutica. Portanto, para este mister bastaria perguntar à
teóloga: a senhora já fez um ultrassom ou já participou de uma seção de
ultrassom? Ali se observa claramente o bebê já formado, vivo, e, inclusive,
treinando para a sua vida extrauterina. O bebê treina sucção, ao sugar o próprio
polegar. Todo profissional da área de Obstetrícia sabe que ali dentro do ventre
existe uma vida, e até mesmo ateus, que não levam em conta versículos bíblicos
são capazes de perceber, ao observarem um ultrassom, por exemplo, que existe
uma vida dentro do ventre de uma mãe. Desta feita, se há uma vida dentro do
útero, o nascituro também está totalmente coberto pelo mandamento
Não matarás” (Êxodo 20.13).
Portanto vimos que a “chave hermenêutica” utilizada pela pastora para “abrir o texto bíblico” acima não é de origem cristã, mas sim, marxista – e sabemos que para o marxista, a religião cristã burguesa é “ópio do povo”, isto é, o Cristianismo não passa de um entorpecente que impede o proletariado de se engajar na sua luta revolucionária. Logo, fazer uso de uma ideologia materialista e ateia para interpretar o Texto Sagrado, a nosso ver, desqualifica o próprio talar luterano ao qual ela prestou juramento e não é algo muito recomendável para um(a) ministro(a), a menos que ele considere que a instituição que ele(a) representa, existe para servir de entorpecente (droga) para as pessoas. Seria interessante descobrirmos esta resposta. O que é a Igreja Luterana? O que é a Sagrada Escritura? Somos ópio do povo? Com que lentes nos aproximamos do texto? Com as lentes de Marx ou Jesus? Onde foram parar os “fundamentos” da Reforma?
Vimos também que a vida intrauterina é confirmada, e que o aborto é condenado tanto pela Escritura, quanto pela Tradição e pela Razão.
Estranhamos que justamente uma teóloga de viés liberal tenha se servido de um expediente tão “fundamentalista” para renegar a vida intrauterina, algo que nem mesmo ateus e incrédulos colocam em dúvida.
E encerramos com uma paráfrase da frase emocional que ela mesma pronunciou em defesa de Lula.
“... e se essas perninhas tenras não puderem te ajudar a fugir do bisturi da morte,
nossas pernas irão onde for preciso para te defender, amado bebê. E se quiserem
calar a tua vozinha e cortar a tua garganta, a nossa vai gritar e continuar
clamando por justiça e por vida para ti, que és o mais oprimido dentre os
oprimidos: aquele que sequer pode gritar contra a tirania dos que querem usar a
própria Bíblia para te definir como uma não vida, como um ser não humano.”
Que chegue o dia em que ela possa ter a mesma paixão e intrepidez em defesa dos nascituros. Esta é a nossa oração.
Aqui estamos, e outra coisa não poderíamos fazer,
Respeitosamente,
Associação Luteranos Herdeiros de Worms
____________________________________________________________________________________
[1] https://www.youtube.com/watch?v=K6ZgFdu14wY
[2] ENGELS, Friedrich. A origem da família, da propriedade privada e do Estado. Rio de Janeiro: Best Bolso, 2014, p. 79
[3] ENGELS, Friedrich. Op. Cit. p. 89
[4] Op. cit. p. 90
[5] https://www.crisismagazine.com/2012/how-protestants-learned-to-love-the-pill
Para fazer o download do documento, clique aqui...